Entre
Tanto
Entre rios fica Ipameri.
Ali abraçada pelas águas verde-prateadas
do cantante Rio Veríssimo
e lá, pelas amarelo-douradas
e profundas águas do Rio Corumbá.
Ipameri fica entre rios
que entre o Céu e a Terra
conta sua lenda de Paraíso
e a sua história de sonhos
que despertaram realidades no tempo!
Entre rios está Ipameri
e além das águas ainda se pode
ouvir
o canto livre do Bem-te-vi
ainda floresce majestosa a Caraíba
e nos grandes quintais
as mangueiras e as jabuticabeiras seculares
incensam o ar com o seu perfume
anunciando que a Primavera chegou.
Ipameri está entre
rios:
terra de pioneirismo e cultura,
rica de história no cerne do seu passado...
é amena e pitoresca
como um jardim secreto crescendo
no sábio silencio dos tempos,
como a própria Natureza!
Entre Rios e entre nós
Deus está.
My Self
Sou gota d'agua,
sou cristalina,
sou efêmera,
sou quase um sonho
que se evapora sob o calor do sol...
Sou
correnteza,
sou cachoeira,
sou o que não se prende,
sou viajora, viajante,
sou sedentária, sedenta
e indiferente ando à revelia das noites,
dos climas e dos dias...
Sou
cerne puro
Trabalhado pelo tempo,
ou madeira e sou pedra sem que se saiba
o quanto de cada eu sou...
Sou
o que se busca hoje
e não mais se encontra.
Sou o que sofreu a ceifa,
o sol, a chuva em tempestades de granizo
e a areia enterrou-me o respirar
e solidificou minha natureza ancestral...
Sou
flor do campo,
sou resistente ao tempo
e a noite não me assusta.
Sou
suave quando pela manhã discreta
enfeito um pedacinho árido do cerrado...
Sou frágil quando colhem-me
na tentativa de tornar-me decorativa
entre quatro paredes...
Sou
rosa, azul, vermelha, amarela,
sou duradoura na dureza do tempo
e não suporto a mão delicada
de quem quer ostentar-me...
então pareço morta...
Sou pedra bruta
bruta, obstinada, quieta,
parada, fincada.
Não há olhos por mais que tenham
vivido
que puderam perceber meu lapidar...
Porque devagar, passo como a adormecida da
Natureza,
enquanto me faço e desfaço no
silêncio
dos séculos,
discreta e estóica!
CÂNTICOS DO PENSAR
I
Meu canto se perdeu
no eco do Universo.
De parte ínfima
senti-me um todo
inexoravelmente
harmônico.
II
Um pedaço de azul passou
por mim deixando impressões de céu.
Eu
que estava ali sobre uma nuvem
sentindo o perfume
das flores do campo,
devolvidos pela evaporação da
Terra...
III
Quando minha alma pôde ver
a mesquinhez e a ganância humana
sentiu o frio do medo
como se diante do "cogumelo de Hiroshima"...
IV
Meus
sonhos de agora
são preciosas pérolas
que vou perseguir
no carro da minha intuição.
NATURAL
Nunca terei novidades
para você.
Nem em minha sombra
de árvore frondosa,
você encontrará mistérios
nas minhas raízes profundas.
Sou
assim mesmo
clara como um dia
de verão;
forte como o cerne
de uma aroeira secular,
frágil como um arbusto
diante do frio da solidão.
Sou
assim mesmo
resistente
como a própria teimosia
e simples
como da canção de ninar
a melodia.
Sou
assim mesmo
como você sabe
que sou.